sábado, 19 de novembro de 2011

Epílogo


Prometi a mim mesma que não escreveria mais sobre isso, mas aprendi, há um tempo nem tão longo assim, que a gente só pode escrever o que é dito pelo o coração e ultimamente meu coração vem gritando uma única coisa, quebrando mais uma de minhas regras.

Há algum tempo atrás, tempo demais para mim, escrevi “Chama da infantilidade” e venho agora contar seu desfecho. Aprendi que os melhores finais são aqueles óbvios em demasia que todos os leitores pensam, mas não consideram. Essa história então não podia ter um epílogo melhor: o guri que cativou a menina de coração inabitável volta para o seu planeta sem nunca terem vivido “o seu sonho de uma noite de verão” e ela se surpreende ao se dar conta que tudo provavelmente foi mais perfeito por nunca ter saído de suas teorias.

 Um fato curioso é que na ultima palavra do epílogo, ela se encontra acompanhada de reticências, o que me faz pensar que quem sabe um dia, talvez, possa haver a continuação dessa história tão sem razão e desprovida de sentido. Existe mais um fato interessante: a escritora deixa uma recomendação a quem for escrever a sequência dessa história: “quem um dia, não se sabe qual, ficar responsável por continuar essa história, ainda não escrita totalmente, peço que leia todo esse primeiro volume prestando excessiva atenção nos detalhes que nem sequer foram escritos. É preciso saber também que o fim nesse momento desagrada à escritora, mas que essa entende e até gosta que termine assim especialmente porque já existe o capítulo onde se descreve com uma precisão inacreditável o jeito de olhar desse guri e a forma como ele devolvia a essa menina ela mesma”.

No fim, a menina parece mais uma vez “caminhado para o fim” –  é como se estivesse atuando em um filme que já encenou, só que com outro personagem principal e mesmo assim ela nem quer fazer parte desse filme de novo. O roteiro é mesmo e ela está lá sentindo as mesmas coisas, mas rezando para o fim ser diferente, como se o final de filme mudasse só por que mudou o ator. Ela sabe que vai passar, que vai ficar bem, que só restará a lembrança do sorriso, do brilho indeciso dos olhos e todas as outras manias próprias do personagem principal. Ela sabe que se consolará, que aparecerão desconhecidos e conhecidos que preencherão esse vazio sem o consentimento dela – ela já conhece o filme inteiro. Só que cansou de atuar nesse filme que sempre recomeça com um personagem principal diferente, mas possui o mesmo fim. E sobre o ator principal nunca se sabe muito, sobre esse em especial menos a ainda, só que ele faz algumas coisas incrivelmente parecidas com a menina, mas não há relatos de seus sentimentos, ou ideias, então todos criam teorias que nunca serão confirmadas por que, sem muita explicação, o ator partiu e agora o filme passa só com a menina e todos sabem onde acaba.

Essa história é mesmo inacreditável: seu começo começou sem um começo e o fim acaba sem um final. Bom, temos uma data, mas isso não vale muito quando o fim de fato já ocorreu. Acho graça, falo como se vocês conhecessem a tal história, ou talvez seja melhor usar estória, é que ela é incerta quanto à veracidade, pode ser que nada tenha passado de um sonho ou vai ver foi uma realidade rápida demais o que deixou dúvida. Mas sem dúvida, ele foi a melhor “descoberta do conhecido” que a tal garota já fez. A rendeu as melhores madrugadas em claro e as melhores teorias e cenários que ela jamais poderia realizar, cenários esses que precisarão ser adaptados as novas teorias que terão que ser formuladas, depois desse epílogo.

“(...) e ela o viu e desejou boa viagem, mas não percebeu que era a última vez, ele talvez não tenha acreditado que era, mas isso não importa mais – ele já está em um carro, em alguma estrada que o faça voltar para casa e ela, está tentando e vai conseguir, nunca aprenderá a manter amor a distancia. E os dois serão infinitamente felizes e sempre lembraram com carinho dessa história e tentarão entender o final, mas o  que eles não sabem é que não existiu o final...”

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