(perdendo a cabeça num sonho
de verão)
Ela sorriu, e continuou:
Fim
de tarde. Eu e ela estávamos na varanda. Na mão, o drink
preferido de cada uma. Amávamos aquele pôr-do-sol como aquele que
mora em algum lugar muito distante nos ensinou a amar. Conversávamos,
silenciávamos, ríamos, conversávamos de novo. Essa era a
sequência! Em um desse silêncios, onde cada uma sorria com seus
próprios pensamentos, ela falou:
- Estou
ridiculamente apaixonada!
Bebi
delicadamente meu drink. Pensei em como lidar com aquela nova
informação. Não conclui nada, então, perguntei:
- Isso
é bom ou ruim ?
- Péssimo!
- Então, devo me preocupar?
- Péssimo!
- Então, devo me preocupar?
- Ainda
não. Estou estranhamente feliz.
- Eu
vou conhecê-lo?
- Não.
Fizemos um pacto implícito de sigilo, pela complicação envolvida.
Mais
uma vez, parei. Precisei entender o que aquilo significava. A
preocupação chegou sem convite. Admiti, por fim, que isso a estava
fazendo bem. Conhecia aquela menina de olhos inseguros como ninguém
e nos últimos tempos ela havia sofrido um bocado. Ela estava feliz
como há tempos não se encontrava. Ela merecia aquele romance
secreto. Sorri e perguntei:
- Isso
é tudo que eu vou saber do seu “romance secreto”?
- Claro que não. O que quer saber ?
- Depende. O que você quer me contar ?
- Claro que não. O que quer saber ?
- Depende. O que você quer me contar ?
- É uma historia cheia de complicações, impossibilidades. Destinada a
acabar mal. Ele é encrenca, das grandes. Faz todos os seus
“romances” parecerem fáceis.
Notei
que a Lua já havia surgido. Notei que meu drink tinha
acabado. Notei que o drink dela já tinha acabado. Notei o
jeito como ela falava dele. Sorri e disse:
- Vou
preparar novos drinks. Triplos:
a história vai ser boa!
Ela sorriu, e continuou:
- Eu
não devo. Eu sei! Mas como resistir aqueles olhos ridiculamente
castanhos me olhando tão diretamente? E como saciar a minha
curiosidade sobre aquela cicatriz enorme que ele nunca conta como
consegui? É complicado! É impossível! É errado! Mas quando eu
e ele estamos juntos, só a gente, o erro se desfaz num jeito bom.
Como se cada pincelada fosse executada numa precisão que é irreal:
as mão se encaixam, os olhos se encontram, os sorrisos surgem
juntos, os diálogos são improváveis, os beijos intermináveis, o
jeito como ele me trata e até a singularidade da sua cadência
fazem cada dia ficar mais doce. Estou quase flutuando e nem entendo
como fiquei assim. (…)
E
seguiu, entre um sorriso e outro, entre um drink e outro,
entre um assunto paralelo e outro, uma narração meticulosa sobre
ele - menino dos olhos ridiculamente castanhos - e ela - menina de
olhos inseguros. No fim, eu sorri, alegremente, por ouví-la e vê-la
assim, fulminante. E acrescentei:
- Fazia
muito tempo que você não falava de alguém desse jeito, com os
olhos repletos.
- Eu disse. Estou ridiculamente apaixonada e isso só pode acabar mal.
- Então, minha cara, faça o meio valer a pena.
- Eu disse. Estou ridiculamente apaixonada e isso só pode acabar mal.
- Então, minha cara, faça o meio valer a pena.
06
de novembro de 2012
Stephanne
Oliveira
“Encostar no teu peito
E se isso for algum defeito
Por mim
Tudo bem”