quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A menina que não cuida de anjos.


Nunca achei que seria necessário escrever sobre isso, parece-me tão obvio! Mas ninguém percebe ou faz desnecessário seguir, talvez, então, escrevendo todos entendam e parem de me pedir o impossível. Não sou super-humana e não tenho o poder de resolver tudo para todos. Por favor, não me venham com problemas insolúveis e não me façam vivenciá-los, nada de me fazer de testemunha de lágrimas - não entendo nem as minhas quem dirá as suas - e não me provoque culpa, pois estou agora mesmo em uma reunião a sós comigo para jamais sentí-la por causas perdidas.
E, ao que parece, uma parte bastante teimosa de mim não entende isso e insiste em entrar em brigas que não são minhas, em me culpar por lágrimas que não ajudei secar ou se ajudei, que não evitei, me calei quando devia falar e todas essas coisas que sei não são minhas responsabilidades, mas parece tão difícil aceitar e cumprir essa regra que me vejo, aqui e agora mesmo, me culpando por problemas que simplesmente não são meus e não que cabe a mim resolvê-los.
Um par de olhos derrubava lágrimas inocentes e puras presenciei aquilo mais uma vez enquanto um anjo mais velho tentava resolver tudo da melhor forma possível. Enquanto outra, que ainda distante, tinha olhos inundados por não saber por quanto tempo ainda irá aguentar aquilo. Tentava não quebrar a promessa que há tempos fez.  Enquanto isso,  eu assistia a cena à meia luz, muda e parada sem saber o que falar, de quem cuidar. No fim, culpava-me por não saber o que dizer, por ter fugido mais uma vez, por ter permitido que aquelas lágrimas todas caíssem.
No fim, o causador de tudo também chorava. Talvez por culpa, por não saber pedir desculpas, talvez por dor. Um choro sem motivo, mas nobre e carregado de justificativas mudas. Choro que não vi por ter preferido fugir mais uma vez. Resguardam-me ecos de informações e depois culpam-me por não ter estado lá, por ter visto o choro ou por não o ter feito, por não ter uma fórmula para que isso jamais aconteça, por não ter A Cura e A Solução de tudo. Culpam-me, talvez, por não ser super humana, por não chorar junto ou simplesmente só pelo prazer de culpar-me. Só por não me aceitar como menina pequena ou como quase adulta. 

domingo, 8 de janeiro de 2012

O barco não deixará de existir


Sempre me ensinaram que a vida é um ciclo onde nascemos e vamos crescendo aos pouquinhos, aproveitando a infância. Depois, chega a adolescência carregando todos os seus dramas, até que um dia encontramos alguém legal e percebemos que essa pessoa vai passar o resto da vida conosco e então teremos filhos e seremos felizes até muito depois da morte.
A vida anda me mostrando que a realidade nem sempre segue o caminho feliz da teoria e não digo isso por estar passando pelos dramas, digo por que alguns não passarão por eles. Serão privados dessa agonia de se apaixonar por um dia inteiro que nos ensina a reconhecer o pra sempre e sei que falo desse jeito por puro drama pois nada foi decretado, mas só a ideia de não poder passar madrugadas em claro me deixa inquieta.
Disseram-me que o canto do cisne só ocorre uma vez, mas os navios que somem no horizonte não deixam de existir, assim como a ausência que eles causam e eu nunca soube lidar com ausências. Passarei muito tempo indo ao porto esperando ansiosamente o navio que não voltará aparecer no horizonte. Peço a alguém que o navio não suma.
Desculpa se a reação não é a esperada, se a fé não está no nível que todos esperavam de alguém que diz a si mesmo ter um Deus como amigo, mas não estava escrito em lugar algum qual devia ser a reação e ninguém leu esse livro para contar o fim dessa história. Não condenem a insegurança sentida, tenho medo!