terça-feira, 16 de outubro de 2012

Case ou compre uma bicicleta!

(seja a bicicleta, serei também...)
Era sábado, chovia muito, ela estava ali por um único motivo: ele. Atravessou o estacionamento sozinha, coração batendo acelerado, os olhos checavam todos os carros a procura de uma placa: EAG 3319. Não encontrou. Ele não estava ali. Era sábado e chovia, o relógio ainda não marcavam oito horas, ele não tinha motivos para estar ali. Não em um sábado, não tão cedo.
Ocorreu como estava sendo boba: a semana havia sido cansativa, ainda podia estar dormindo, seus compromissos só começavam uma da tarde, com um almoço de negócios. Tinha pela frente cinco horas de vazio, o dia não ia ser bom, precisava de companhia. Subiu as escadas, procurando um rosto conhecido que pudesse acompanhá-la nas horas que viriam, não encontrou.
Desceu as escadas. Sentou na área de convivência. O sol foi surgindo e em pouco tempo já estava intenso secando calmamente as poucas poças de água que se formarão. Ela guardou o casaco e começou a folhear um livro que encontrou esquecido em sua bolsa. Cumprimentou algumas pessoas que chegaram. Quase não parava o olho no livro, procurava algum sinal que ele estivesse ali. Tomou um café, refez os planos para o dia, revisou os papéis, preparou uma ou duas declarações, respondeu alguns e-mails, pensou em escrever algo, mas não conseguia prender atenção em nada.
Olhou o relógio, ainda tinha 3 horas. Desistiu. Ficar ali sentada não ajudava em nada. Levantou-se e começou a caminhar pelos corredores vazios. No último corredor, antes da saída de emergência, uma sala estava com a luz acesa. Apressou o passo, conhecia o dono daquela sala. Um sorriso no rosto, duas os três frases depois, ela conseguiu tirar “o músico”, como era chamado pelos mais próximos, daquele cubículo e levar para um lugar aberto. Ele seria um amigo para conversar e tocar violão pelas próximas horas.
E enquanto elas passavam, outros colegas chegaram: o dia começava a melhorar. Papo leve, sorrisos e música boa. O clima estava gostoso, sentia vontade de caminhar, lembrou dele e das caminhadas curtas que sempre faziam quando queriam abstrair as complicações do trabalho. Sorriu e deixou o pensamento de lado. Olhou o relógio e programou o horário de ir para a seu almoço. Restavam menos de duas horas. Pensou em sua manhã nada produtiva, em todos os compromissos do dia e, de olhos fechados, deixou-se esquecer de tudo enquanto o sol batia no rosto e ouvia sem ouvir a música.
Não notou os passos que se aproximavam atraídos pelo som, mas reconheceu o perfume característico que o vento trouxe. Era ele! Ela abriu os olhos devagar e um cumprimento mudo foi feito, ele sentou ao seu lado e nada foi dito durante duas ou três musicas, quando “o músico” avisou que teria que voltar ao trabalho. Todos se foram e ele a convidou para a tradicional caminhada.
Ela estava com ele. Os olhos falavam tudo que não era dito, olhares iam muito mais longe do que a conversa superficial sobre o dia, o trabalho... Mas era tudo que ela precisava. Um bipe estralou no ar e ela se despediu, aguentaria o dia. Acordar cedo tinha valido a pena, só por um minuto com ele. Ela sorriu boba enquanto se dirigia ao local do almoço. Ele fazia ela sentir-se tão diferente que ela ainda não sabia se era bom ou ruim.
O dia seguiu o curso normal, sem muitos problemas. Ela estava feliz, apesar de não ter recebido nenhum sinal de vida dele durante todo resto do dia. No fim do dia, ele a esperava no estacionamento com um sorriso lindo e os olhos enigmáticos. A abraçou e explicou que tinha uma surpresa. Depois de alguns minutos estavam ela e ele ao lado de uma mesa de jantar pronta em um ponto alto da cidade, as luzes faziam o cenário ficar quase surreal. Ele sorria satisfeito e ela perguntou:

 - Um jantar, para mim ?
- Não, boba, não é pra você. É pra gente.
... As pequenas coisas que valem mais.
Era tão bom estarmos juntos e tão simples.
Um dia perfeito ...”




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