quinta-feira, 23 de maio de 2013

Rapto pelos números-bichos papões :P


Sacava tudo de física, literatura e gramática. Brincava com os números! Acredito que ela se entendia mais com eles do que com os humanos. Não era à toa a escolha de uma carreira que exige tanto dos seus conhecimentos e mais ainda dos desconhecimentos.

Depois de uma semana de muitos números estava feliz, mas completamente esgotada. Quando deu por si, os números, antes grandes amigos, se transformaram em bichos papões gigantescos e a perseguiam armados com demonstrações dificílimas queriam leva-la pra terra da matemática e fazer dela uma simples equação.

Ela fugia, mas foi alcançada no momento que um som estalou no ar...



... seu despertador estava avisando: hora de ir pra graduação, dia de aula de cálculo. 


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Fico desejando nós... ♫


Não me olha! Não importa o que eu faça ou diga, ele não me olha.
Parece simplesmente não notar a minha presença.
Tão perdido no seu próprio eu que nem me olha.
Enquanto minha curiosidade só aumenta nesse mistério que ele pode ser.
Por que  não repara em mim? Por que não chega mais perto?

P.S. Poso ser exatamente o que procura!


domingo, 24 de março de 2013

Sentidos em caixas de brinquedos.

(O instante do Olhar)


Tulipa tem mania de olhar. Na correria do mundo, abstrai criando teorias sobre quem desfez a igualdade no instante do encontro dos olhos. Encontro sem replica, provavelmente. Distrai-se, também, escutando os segredos que cada lugar profere no silencio e diverte-se com as ideias insanas surgidas durante essas observações. 
Naquele dia, seu olho desviou da janela e pairou sobre aquele menino sentando à sua frente, no trem que a levava para casa.  Reconheceu Bernardo de imediato. Encontravam-se rotineiramente em corredores comuns, conversaram quatro ou cinco vezes e até já trabalharam juntos em um projeto. Possuíam quase nenhuma intimidade. Definitivamente não eram amigos! Mas, já sabia o suficiente para impossibilita-la de criar uma teoria sobre ele.
O olho de Bernardo passeava profundamente insatisfeito do lado de fora da janela, trazendo em suas retinas tristeza e santidade. Nunca antes uma presença havia perturbado tanto Tulipa, de modo que, naquele instante, sentiu-se como Caio ao encontrar Clarice pela primeira vez. Tudo sumiu. Ela só enxergava Bernardo e sua angustia.
Lembrou-se da primeira vez que percebeu Bernardo. Na ocasião, seu âmago desequilibrou e sentiu febre a noite inteira. Somente agora entendera: a culpa era dele! Perguntava-se como aquele ser, particularmente doce e calmo, transbordando paz interior, podia ser o mesmo que olhava além da janela com tanta urgência. Entendeu naquele momento: já o conhecia bem. Descobriu quase sem querer que a insatisfação profunda carregada por ele é a mesma que ela teima em esconder.
Nesse momento entrou em êxtase, numa espécie de felicidade insuportável. Começou a se apaixonar imediatamente, violentamente e profundamente.  O medo a invadiu, não sabia o que fazer, sentiu as bochechas ficarem quentes e desviou o olhar para a janela, imóvel, enquanto tudo fulminava dentro de si, olhando a janela sem ao menos compreender o que via. Não sabe quanto tempo ficou ali. Despertou do seu estado quando ouviu a porta do Vagão fechando, então percebeu: o trem havia parado e Bernardo havia descido.
Tudo se desfez no instante do piscar dos cílios, o fim no aumento de velocidade do trem. Anestesiada pela desordem do seu intimo, seu olho se perdeu na janela mais uma vez, percebendo enfim que devia ter descido duas estações antes.


 “Trago a imagem de todas as ruas por onde passo

E de alguém que nem sei quem é e que provavelmente

Eu não vou mais ver, mas mesmo assim ela sorriu para mim,

Ela Sorriu e ficou (...)”




Stephanne Oliveira
18/03/13 - 00:56






quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dias de felicidade clandestina e insuportável. Felicidade sem culpa!



(Um poeta colorindo minha vida com notas musicais)









OU






História de um dia


(Felicidade sem culpa em tons musicais de um poeta)





- Dois estranhos com espaço de sobra no coração escolhem seguir juntos, em uma dessas estradas de vida. Dias de felicidade! - Dizia a primeira.
- Eles se merecem. Vivem em um sonho real de amor! Ela aprendeu um novo jeito de respirar, enquanto ele a escrevia em letras quentes e gentis. - Contava a segunda.
- Em noites bonitas eles esqueciam a vida e se entregavam, na varanda, em Mi maior e Lá. - Denunciava a terceira.
Essas histórias clichês aconteciam nas musicas que ouvia todo o tempo durante os últimos dias. Músicas leves, no lugar das depressivas. Encontro, no lugar de abandono. Sorrisos, no lugar de lagrimas. Ela percebeu-se lépida: não mais caminhava, flutuava. Vivia em noites sem fim de amanheceres bonitos. Quebrando as regras, mais uma vez ela estava não ridiculamente, mas estranhamente apaixonada.
Não entender. Não pensar. Ausência de preocupações. Apenas sentir, respirar, ver e ouvir... Aquela tarde decidira caminhar, dispensando a presença de musica. Caminhava sozinha, em direção a um lago que conhecia bem - costumava ir àquele lugar em dias complicados, tentar amar um pôr-do-sol que quase nunca se apresentava quando ela estava presente. Talvez, então, fosse para lá pela frustração - chegaria ali não pelo famoso pôr-do-sol ou sua ausência, mas por ele, que já a esperava. Ele que estava sendo seu motivo de sorrir, razão do seu bom humor singular, explicação de seus olhos não pararem de brilhar. Ele que já era um pouco do seu sol.
Durante a caminhada, distraída, olhava o que todo mundo sabe, mas ninguém vê. E assustou-se quando o mesmo vento, que fazia graça em seus cabelos, improvisou uma canção fazendo da garrafinha com água, carregada em uma de suas mãos, instrumento. Melodiou sons que nunca foram percebidos antes; despertou-a para um estado primo de felicidade já esquecido; a felicidade era, novamente, velha amiga. Estava em equilíbrio, então se perguntou:
- Será ele? Não estou mais só? Enfim, bem?
Chegou, finalmente, no lugar do encontro. O pôr-do-sol estava quase acabando e avistou-o sentando em um banco com uma caixa de chocolates finos na mão. Piscou os olhos - costumava fazer isso para certifica-se que não estava sonhando -, caminhou até ele, enquanto (re)pensava nos momentos que já tinham vivido. Lembrou-se dos encontros e desencontros; das caretas, birras e brigas; dos vinhos, noites, palmeiras e varanda; dos beijos, abraços e “amassos”. Sorriu ao perceber que isso fazia dias e não meses.
Entendeu o que quiseram dizer quando afirmaram com tanta veemência que o tempo é relativo. Conseguiu perceber a verdadeira importância sobre andar distraído e sentiu a levíssima embriaguez de estar perto dele. Ele sorriu e então ela pode compreender o que queriam dizer quando escreveram sobre o sol no sorriso de alguém. Estavam certo quando disseram que é quando se desiste de achar um “amor” pra vida que esse amor aparece.
Naquele dia - que reconheceu seu estado de estranhamente apaixonada e pôs a dona Felicidade no lugar que sempre fora seu - pôde, antes de dormir, agradecer ao menino que desenha noites e a certa moça de sorriso bonito e mala de chita por terem escrito juntos um conto de um poeta sem rumo que resolve amar uma menina que teme a felicidade sem culpa. E em meio aos pensamentos, lembranças e sonhos com um futuro bom, adormeceu.

Stephanne Oliveira



01 de dezembro de 2012



Nas ultimas horas do dia





Eu sei que é pra sempre



Enquanto durar...



Eu peço somente



O que eu puder dá”